Todos os dias descobrimos tantas séries que se torna impossível acompanhar metade delas. Afinal, precisamos trabalhar, estudar, dormir (Precisamos, né?).

Para mim, escolher alguma para acompanhar vem de dois fatores: a história me interessar ou se algumas pessoas me indicarem. Pois Sons of Anarchy não veio de nenhuma dessas duas formas. Se eu for falar a verdade, nem ao menos me lembro por que eu decidi assisti-la! Afinal, não sou do tipo interessado em séries violentas com motociclistas. Mal olho duas vezes a loja da Harley Davidson aqui em São Paulo. Minha nerdice, coordenação motora e eu mal sabemos andar de bicicleta. Nem conhecia os olhos azuis de Charlie Hunnam para que despertasse algum interesse. Mas… De alguma forma eu me peguei assistindo o primeiro episódio. E foi, assim, como paixão à primeira vista, que o pessoal da SAMCRO tornou Sons of Anarchy uma das minhas séries preferidas da vida. Por quê? Bem, estou aqui para contar para vocês o que fazem dela uma série imperdível.

Sons conta a história de um grupo de motociclistas, o SAMCRO (Sons of Anarchy Motorcycle Club Redwood Original) que controla o tráfico de armas em uma cidade fictícia ao norte da California, chamada Charming. Ao mesmo tempo atuam como um tipo de justiceiros, mantendo uma pretensa paz na cidade. A violência, as mortes, o tráfico só podem acontecer fora da fronteira de Charming. O esquema envolve até a polícia corrupta do local, que prefere fechar os olhos (e por que não lucrar com isso?) para todos os esquemas da gangue.

Mas também conta a história de Jax Teller (Charlie Hunnam). Criado em meio a violência, como se fosse algo comum, ele é filho de um dos 9 fundadores da SAMCRO. Braço direito de seu padrasto Clay Morrow (Ron Pearlman), presidente da gangue, vê sua visão mudar após ter o primeiro filho e achar um manuscrito, feito por seu falecido pai. Nele, John Teller contava como a violência havia destruído o que ele e os outros fundadores construíram, compartilhando sua visão do futuro. Aí começa o embate de ideias e egos entre Clay e Jax. Um querendo continuar a linha coberta de sangue que estavam trilhando e outro tentando transformar o clube com as ideias revolucionárias do pai.

A construção de cada personagem é perfeita! Não há um elo fraco! Gemma Teller (a maravilhosa Katey Sagal) é a matriarca de todos. Ela controla o clube, o marido e o filho, sem que ninguém se dê conta. Você quer odiá-la pelos conceitos morais deturpados e por sua manipulação, mas é impossível, simplesmente porque seu personagem é incrível. Já Clay é aquele que nós amamos odiar! Jax é inteligente, carismático: um líder nato. Parece sempre estar lutando contra a violência intrínseca nele mesmo. Trabalho excelente do britânico Hunnam que parece ter nascido em plena California!

Tara (Maggie Siff) é a namorada de Jax que saiu de Charming para fugir de tudo e se tornar médica, mas que acaba se envolvendo novamente com ele, ao retornar à cidade. Sua confusão é expressa em cada olhar, assim como sua natureza selvagem que sempre deseja esconder. Destaque também para o trabalho excepcional de Dayton Callie como o chefe de polícia Wayne Unser.

O resto da gangue, Bobby (Mark Boone Junior), Chibs (Meu preferido, representado por Tommy Flanagan), Tig (Kim Coates), Juice (Teo Rossi) e Opie (Ryan Hurst) tem, cada um, sua peculiaridade. São violentos, porém sem tirar deles a humanidade que nos faz criar um elo com cada personagem. É impossível não torcer por eles (Você não, Juice!).

Se os personagens são incríveis, o mesmo se pode dizer do roteiro. Em uma história perfeitamente construída do início ao fim por sete temporadas de 15 episódios, ela se inicia e termina da forma que deveria. Não há episódios dispensáveis. Todos são uma grande colcha de retalhos que levam de forma competente ao final. Seus plot twists são absurdamente chocantes! Nós nunca esperamos o que vai acontecer. Lembram do que dizíamos de Game of Thrones (RIP) em relação ao desapego pelos personagens? Bem, Ned Stark não é nada comparado ao que fazem em Sons! Há cenas eletrizantes, emocionantes, que te deixam muitas vezes sem conseguir respirar por alguns segundos.

A trilha sonora é um personagem a parte. Começando por This Life de Curtis Stigers, brilhantemente selecionada para sua abertura. Aquela opção “pular abertura” é quase um sacrilégio! Versões de músicas de Rolling Stones, The Animals, Bob Dylan, Alice Cooper, Queen, Elvis são perfeitamente inseridas na história. Make it Rain de Ed Sheeran vai arrancar lágrimas dos seus olhos, após um momento importantíssimo da sétima temporada. Não há mais o que dizer, além de “Obra prima”!

Produzida e roteirizada por Kurt Sutter (Que também faz uma participação maravilhosa como Otto), Sons of Anarchy estreou todas as suas temporadas semana passada, na plataforma Amazon Prime Video.

Pois peguem suas jaquetas de couro, seus capacetes e suas motos e corram para maratonar nas estradas da California com essa série sensacional! E depois não custa nada dar uma espiadinha em Mayans MC, spin-off da série, também de Sutter.

DCzete que adora a Marvel, escritora, melhor amiga de Leia Organa, prima do Superman, moradora de Valfenda e membro da Corvinal. Ok! Talvez alguns deles apenas em sua imaginação. Bernard Cornwell e Neil Gaiman guiam sua vida.

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