Will Smith já se consolidou no panteão dos grandes atores do cinema por suas inúmeras perfomances nos mais variados gêneros cinematográficos. Em Projeto Gemini, o ator se junta a um ótimo elenco – e a si mesmo – para tentar fisgar espectadores em cenas de ação desenfreadas e até plot twists, mas alguns problemas técnicos e obveidades narrativas não chegam aos pés do que o longa dirigido por Ang Lee (Vida de Pi) poderia realmente ser e se torna uma boa homenagem à década de 1990, quando filmes do gênero bombardeavam Hollywood.
No filme, Henry Brogan (Will Smith) é o assassino mais confiável do mundo, mas sua idade dá os primeiros indícios de que a hora de se aposentar. Não só isso, Brogan se vê caçado por uma versão mais jovem de si mesmo. Em busca de respostas, o protagonista se alia à agente Danny Zakarweski (Mary Elizabeth Winstead) e parte rumo a um mundo inundado por mentiras e traições.
Inicialmente, Projeto Gemini delibera todas as informações possíveis aos espectadores, menos a identidade do clone do protagonista e quem o enviou para assassina-lo. A grande preocupação inicial do trio de roteiristas formado por David Benioff, Billy Ray e Darren Lemke é colocar os dois personagens frente a frente em cenas explosivas, resultando em muita ação, mas também em muita descrença. Batizada de Junior, a versão mais jovem de Brogan também é – logicamente – performada por Will Smith. No entanto, os efeitos plásticos para dar vida ao personagem não ficam somente em sua máscara digital. Seus pulos, socos e movimentos rápidos quase sempre quebrama sinergia visual que acompanha o filme, tornando desconfortável ver um borrão mecanizado se locomovendo nas telonas;
Tal fator contradiz com a própria proposta da produção, que filmou o longa em 120fps e o distribuiu em sessões 4K 3D sob a alcunha de “3D+”. A tecnologia inovadora funciona muito bem quando o visual estático de cenas mais abertas aparece na tela, mas quando o assunto é ação e luta, tudo parece falso demais. Há, claro, bons momentos sinérgicos, principalmente nos confrontos entre Smith e sua versão mais nova. Mas a máxima do embate é quase sempre plastificado.
Por mais contraditório que seja, Projeto Gemini parece não conseguir se encaixar em seus momentos mais explosivos, mas é no seu leque de personagens e atores que o longa acerta em cheio. Ter Will Smith ao lado da figura sombria de Clive Owen, que interpreta Clay Verris, e a gentil e cômica Danny Zakarweski, da atriz Mary Elizabeth Winstead, faz com o filme sempre caminhe entre uma lina tênue entre a tensão e a leveza.
Projeto Gemini é mais um daqueles filmes que, em primeiros olhares, parece ter todos os ingredientes de sucesso para ser não só excelente, mas também memorável. No entanto, o longa dirigido por Ang Lee apenas se mostra como uma celebração esquecível de filmes de ação. Passa longe do desastre por ter, de fato, personagens interessantes e um cartel de atores excelentes. Um bom filme, mas nada mais do que isso.
Projeto Gemini estreou nos cinemas brasileiros em 10 de outubro deste ano.
Projeto Gemini (2019)
(Gemini Man)
País: EUA | Classificação: 12 anos | Estreia: 10 de outubro de 2019
Direção: Ang Lee | Roteiro: David Benioff, Billy Ray e Darren Lemke
Elenco: Will Smith, Clive Owen, Mary Elizabeth Winstead, Benedict Wong, Douglas Hodge, Linda Emond
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2.5