Sabe aquelas séries ou filmes que cruzam o nosso caminho, quando estamos passeando por uma plataforma de streaming, que nos deixa pensando por que nunca assistimos isso antes? É exatamente assim que me senti quando trombei com Peaky Blinders. Digo até mais: como uma série tão boa ainda é quase desconhecida mesmo estando em sua quinta temporada?

Originalmente transmitida pela BBC e disponível no Brasil pela Netflix, a série possui cerca de uma hora de duração, com apenas 6 episódios por temporada. Ela conta a história dos Shelby, uma família de ciganos que controlam Birmingham através da sua gangue, os Peaky Blinders. Ela se inicia logo após a Primeira Grande Guerra, quando Thomas Shelby e seus irmãos Arthur e John retornam à Inglaterra, marcados pelos traumas do conflito.

O elenco é incrível! Thomas, interpretado por Cillian Murphy, é o líder dos negócios, sempre querendo ampliar suas conquistas. É o cérebro do grupo. A interpretação de Cillian do introspectivo e torturado homem é perfeita. Ele consegue passar toda a emoção através dos seus olhos muito expressivos. Não tem como não temer e respeitar Thomas Shelby! Arthur é o irmão mais velho que não se importa de não ser o líder, pois entende que não tem a frieza e esperteza necessárias para a função. É um caminhão desgovernado. Um grande trabalho de Paul Anderson tanto de expressão facial quanto corporal.

A família se completa pela irmã com idéias comunistas Ada (Sophie Rundle), o irmão que segue o que Thomas pedir, John (Joe Cole), e o caçula, Finn (Harry Kirton). Todos eles cuidados de perto pela mulher que controla os negócios legais da gangue: a tia Polly Gray, interpretada magistralmente pela maravilhosa Helen McCrory. Ela é um espetáculo de interpretação à parte, não fazendo preciso o uso de palavras para entendermos as suas nuances e intensidade.

Outro ponto forte da série está em seu elenco de apoio e de participações especiais. Nomes como o oscarizado Adrien Brody, Sam Neill, Tom Hardy, Annabelle Wallis, Sam Caflin e nosso eterno “Mindinho” Aidan Gillen são alguns dos recorrentes. Entre todos, o meu preferido é o chefe da gangue dos judeus de Londres, Alfie Solomons, interpretado brilhantemente por Tom Hardy. Sensacional!

Quanto ao roteiro só posso elogiar. A cada temporada pensamos que a seguinte não será tão boa quanto a anterior, pois o arco se fechou completamente. Aí passamos para a seguinte e nos surpreendemos mais uma vez. Eu, por exemplo, terminei a terceira temporada e demorei um pouco para começar a quarta pois estava impactada e não acreditava que manteria o nível. Pois eis que a quarta temporada foi uma das melhores – se não a melhor – de todas. Ela não é piegas, não é o que você espera, mesmo que algumas decisões do roteiro não sejam exatamente inesperadas. Tudo é bem amarrado e convincente. Principalmente quanto à ambientação de época. Sim, estamos em Birmingham nas primeiras décadas do século XX.

Como fã de Sons of Anarchy, uma das melhores séries de todos os tempos, não pude deixar de notar semelhanças entre ambas as séries. Talvez elas tenham me feito curtir ainda mais Peaky Blinders! Vejam: elas não são iguais. Mas a temática envolvendo família e violência de gangues agradam em cheio quem sente falta de Jax e companhia. Honestamente mais do que Mayans MC. E já digo que Thomas está para Jax assim como Polly está para Gemma.

A parte técnica da série também é uma lindeza só. Se a ambientação eu já disse ser perfeita, os figurinos não deixam nada a desejar. Principalmente na sutileza da mudança de tecidos e confecções conforme os Shelby vão ganhando status e poder. Cabelo, maquiagem, nada compromete. Outro ponto muito bom é a fotografia bem escolhida, ganhadora do BAFTA de 2014. Da cidade acinzentada de Birmingham aos campos verdes do interior da Inglaterra, tudo é muito bem escolhido.

De mais, eu não posso deixar de falar sobre um dos pontos mais fortes da série: a trilha sonora. Quem assina as músicas? Ah! Desconhecidos como Black Sabbath, David Bowie, Johnny Cash, Iggy Pop, PJ Harvey, The White Stripes, Queens of Stone Age, Radiohead, Joy Division… Ufa! Se isso não foi o suficiente para deixar você interessado por essa trilha sonora espetacular, você precisa agendar aquela consulta com o otorrino…

Apesar de ser uma quase desconhecida do público brasileiro, Peaky Blinders é uma série muito cultuada no Reino Unido. Entre os prêmios já recebidos na terra da rainha, estão o British Academy Television Award de Melhor Série Dramática, em 2018. Agora só podemos transmitir a palavra e fazer o resto do mundo conhecê-la. Então não percam tempo! Assistam! By the order of the Peaky Blinders!

DCzete que adora a Marvel, escritora, melhor amiga de Leia Organa, prima do Superman, moradora de Valfenda e membro da Corvinal. Ok! Talvez alguns deles apenas em sua imaginação. Bernard Cornwell e Neil Gaiman guiam sua vida.

1 comentário

  1. cheguei até aqui por conta da matéria sobre peaky blinders. gostei da forma (apaixonada) como vc escreveu, leitura leve, q convida a continuar até o final

    muito bom!!! tb gosto de escrever e tenho um perfil q, eventualmente, posto matérias sobre séries. era voltado à divulgação de bandas e shows de música ao vivo aqui na minha cidade, campo grande/ms, mas com a pandemia, o serviço está suspenso

    chama-se @senhordosroles e confesso q o q me interessou em ler seu texto, além do título agradável (precisamos falar), o domínio duastorres me remeteu a senhor dos anéis. e como vc pode notar, sou fã (o @senhordosroles é totalmente inspirado nos filmes da terra média)

    parabéns, sua escrita é sensacional!

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