Embora seja inegável que o Homem-Aranha fora o herói mais popular da Marvel por muitos anos, o personagem nunca foi parte da grande trindade da editora, composta por Homem de Ferro, Thor e Capitão América, personagens (quase) sempre presentes na revista d’Os Vingadores. Assim, com o filme da superequipe a caminho e Homem de Ferro já bem estabelecido no imaginário popular, era necessário que Thor e Capitão América fossem apresentados, protagonizando seus próprios longas.

Se até então seu universo fora construído com conceitos científicos, era necessário que Thor fosse algo mais. O personagem que fora trazido aos quadrinhos por Stan Lee, Larry Lieber e Jack Kirby e baseado na mitologia nórdica, trazia consigo conceitos que não haviam sido abordados até então, como magia e outros mundos – nove, para ser exato – e era necessário que tais ideias fossem trazidas às telonas de forma plausível e de acordo com o que fora previamente apresentado. Para isso o estúdio contratou ninguém menos que Kenneth Branagh, diretor conhecido por adaptações cinematográficas das obras de Shakespeare.

Assim, a versão cinematográfica do herói traz alguns aspectos shakespearianos que encaixam perfeitamente bem com a cultura e os personagens apresentados aqui – algo brilhantemente referenciado por Tony Stark ao conhecer o deus do trovão em Os Vingadores – e o próprio embate entre Thor (Chris Hemsworth) e Loki (Tom Hiddleston) pelo trono e aprovação do pai-de-todos Odin (Anthony Hopkins) parece ter saído de uma peça clássica do autor.

Após uma brilhante introdução na voz de Hopkins, explicando a rixa entre Asgard e Jotunhein – lar dos gigantes de gelo – e já pincelando a disputa entre os meio-irmãos, somos levados para o momento da coroação de Thor, interrompida quando Odin sente a presença de gigantes de gelo em Asgard. Precipitado – e desobedecendo às ordens de seu pai –, o deus do trovão acaba reacendendo a chama da antiga guerra entre os mundos e é banido para a terra sem seus poderes e seu martelo como punição por seu orgulho. Odin também declara que apenas aquele que for digno poderá erguê-lo e possuir o poder de Thor, criando assim a provação que Thor enfrentará em sua jornada de amadurecimento.

Apesar de bem equilibrado durante sua duração, os momentos do personagem na terra representam uma forte quebra no ritmo bem construído até então e, por sua vez, não conta com o dinamismo das batalhas, uma vez que temos o personagem destituído de seus poderes. É no núcleo terrestre que conhecemos Jane Foster (Natalie Portman), Dr. Erik Selvig (Stellan Skarsgård) e Darcy (Kat Dennigs), personagens que nunca são verdadeiramente desenvolvidos e ficam limitados em suas funções narrativas, respectivamente: o interesse amoroso, o personagem expositivo que explica todos os elementos necessários – e dispara alguns easter-eggs no processo – e o alivio cômico.

A própria jornada do herói não possui peso. O personagem fora banido para aprender humildade e tornar-se digno novamente, objetivo facilmente atingido após uma noite conversando com Natalie Portman. Todo o desenvolvimento do herói na terra soa apressado, provavelmente pela necessidade de abrir espaço para, novamente, a presença da SHIELD – aqui representada muito bem pelo Agente Coulson (Clark Gregg) –, erro que fora cometido também em Homem de Ferro 2, filme anterior do estúdio.

Infelizmente, além de desperdiçar o grande talento de Portman, ao focar no núcleo terrestre, Branagh também abre mão das duas melhores atuações do longa: Anthony Hopkins e seu imponente Odin e Tom Hiddleston, com seu intenso e complexo Loki. O primeiro traz a devida majestade ao personagem, sem esquecer de mostrar o lado paterno, a preocupação e carinho pelos filhos. Já Hiddleston entrega um dos personagens mais marcantes do Universo Cinematográfico Marvel, um vilão complexo, cruel e cheio de camadas. Já o carismático Chris Hemsworth possui o porte exato para o personagem e embora seu Thor não requeira uma interpretação muito elaborada, o ator entrega um resultado mais que satisfatório.

Branagh também erra a mão na direção em alguns momentos, utilizando ângulos que causam estranheza ao espectador e também com os efeitos especiais, que falham em alguns momentos. Ainda assim, Thor cumpre bem seu papel ao expandir horizontes do universo cientifico que fora apresentado anteriormente e introduz um dos personagens mais importantes e poderosos da superequipe da Marvel, além de um dos maiores vilões do estúdio, sendo um filme essencial para os fãs.

Avaliação Final

30%
30%
Bom

Thor (2011)
(Thor)
País: EUA | Classificação: 10 anos | Estreia: 29 de abril de 2011
Direção: Kenneth Branagh | Roteiro: Ashley Edward Miller, Zack Stentz, Don Payne, J. Michael Straczynski
Elenco: Chris Hemsworth, Natalie Portman, Tom Hiddleston, Anthony Hopkins, Kat Dennings, Clark Gregg, Jaimie Alexander

  • 3
  • User Ratings (1 Votes)
    1.7

"Os filmes existem, é por isso que eu assisto!" Não é exatamente um "crítico de cinema", mas curte o termo "Filmmelier". Sonha em crescer e ser o Homem-Aranha um dia. Acredita que a vida não é sobre o quão forte bate, mas o quanto se aguenta apanhar. Mestre Pokémon, Sonserino e assíduo visitante da Terra Média.

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